Francis Gary Powers, piloto norte-americano ferido enquanto sobrevoava o território da União Soviética em um aparelho-espião da CIA, em 1960, é libertado pelos soviéticos em 10 de fevereiro de 1962 em troca da libertação pelos Estados Unidos de um espião russo. A permuta concluiu um dos mais dramáticos episódios da Guerra Fria. Powers pilotou um dos aviões U-2 de espionagem desenvolvido pelos EUA no final dos anos 1950. Supostamente invulnerável a qualquer defesa antiaérea soviética, os aparelhos cumpriram numerosas missões sobre a URSS, fotografando instalações militares. Em 1º de maio de 1960, o U-2 pilotado por Powers foi derrubado por um míssil soviético. Embora Powers estivesse comprometido com o sistema de autodestruição do avião e suicídio por veneno, ele foi capturado. Os EUA inicialmente negaram envolvimento com o vôo, mas tiveram de admitir que Powers trabalhava para o governo de Washington quando os soviéticos apresentaram provas. Em retaliação, o líder soviético Nikita Kruchev suspendeu uma reunião de cúpula marcada com o presidente Dwight D. Eisenhower. Powers foi levado a julgamento, condenado por espionagem e sentenciado a 10 anos de prisão. Em fevereiro de 1962, a URSS anunciou que ele seria libertado a pedido da família do prisioneiro. No entanto, o governo norte-americano anunciou que se tratava de uma troca e que o coronel Rudolf Abel, um russo condenado por espionagem, seria solto. Em 10 de fevereiro, Abel e Powers são levados à ponte Gilenicker, que ligava Berlim Oriental a Berlim Ocidental para a permuta. Em comunicado público, a URSS declarou que a libertação de Powers havia sido parcialmente motivada pelo "desejo de melhorar as relações" com os EUA. Os norte-americanos mostraram-se cautelosos na avaliação da abertura soviética, mas notaram que a ação poderia certamente ajudar a reduzir as tensões da Guerra Fria. A troca era parte das negociações diplomáticas entre Kruchev e o presidente John Kennedy. Ambos pareciam desejar a melhoria das relações. Contudo, alguns meses depois, a Crise dos Mísseis em Cuba apagou a memória dessas aberturas diplomáticas e trouxe as duas superpotências à beira de uma hecatombe nuclear.
- Opera Mundi
Nenhum comentário:
Postar um comentário