quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Fokker além das fronteiras holandesas

Há cem anos, o construtor de aviões Anthony Fokker estreava sua primeira aeronave, “Spin”. O evento será comemorado esse mês com uma exposição. Fokker é um herói holandês, embora tenha adquirido parte de sua fama no exterior.

Felizmente não ventava em 31 de agosto de 1911. Do contrário, nada teria sobrado do "Spin", aeronave feita de lona, madeira e muito arame por Antony Fokker.Comemorava-se o aniversário da rainha Wilhelmina e Anthony Fokker inaugurou sua invenção sobrevoando a torre da Igreja de Sint Bavokerk, em Haarlem, cidade ao norte de Amsterdã. O jovem de 21 anos, que abandonou o ensino médio para se dedicar totalmente ao seu hobby, tornou-se um aviador mundialmente conhecido. Sua primeira fábrica foi construída em 1912 na Alemanha, nos arredores de Berlim. Lá ele desenhou seu avião de caça, que serviu aos alemães na I Guerra Mundial.

Avião de guerra Fokker foi o primeiro a acoplar uma metralhadora aos cilindros do motor, no qual os projéteis eram disparados através das lâminas das hélices. Graças à sua técnica, os aviões-caça conseguiam atirar em linha reta sem atingir a própria hélice. Após a rendição alemã, em 1918, Fokker contrabandeou 220 aeronaves de sua fábrica na Alemanha para a Holanda. Dessa forma ele preveniu que eles fossem tomados pelos aliados, que estavam desarmando o país. A Holanda, que permaneceu neutra nessa guerra, não se sentia confortável com esse passado de Fokker. Quando, em 1919, Fokker estabelece sua fábrica de aviões, em Amsterdã, utiliza o nome de Nederlandse Vliegtuigenfabriek (Fábrica Holandesa de Aviões). Nos anos 1920, Fokker tornou-se conhecido, principalmente, pela construção de aviões de passageiros, como o pequeno F VII. Essa aeronave faz, entre outros, o primeiro vôo sobre o Oceano Pacífico entre os Estados Unidos e a Austrália. Foi com um F VII que a KLM fez o primeiro vôo de Amsterdã para Batávia, a atual capital indonésia, Jacarta. General Motors Anthony Fokker imigrou em 1923 para os Estados Unidos, onde fundou a susidiária Atlantic Aircraft Corporation. No final dos anos 1920 era ele quem mais construía aviões no mundo. Mas após a fusão com a General Motors ele foi para os bastidores. Ele pediu demissão compulsória em 1931, vindo a falecer em Nova York em 1939. A empresa Fokker continuou se desenvolvendo após a guerrra com aeronaves de sucesso mundial, como o F27 “Friendship” e depois o F28 “Fellowship”, provido de turbinas. Mas a relativamente pequena Fokker não consegue concorrer internacionalmente. Após a compra pela alemã DASA, a empresa foi declarada falida em 1996. Mas nem tudo foi perdido, frisa o especialista em aviação Anne Cor Groeneveld: “Ao grande progresso que a indústria de aviação fez em nosso país, o desaparecimento da Fokker é um dos pontos mais célebres. A Stork mantém o nome Fokker e ainda possui alguns produtos Fokker. Mas não temos mais a construção autônoma de aviões Fokker nesse país”.

Rekkof no Brasil No entanto, alguns ex-funcionários da Fokker, sob o comando do empresário Jaap Rosen Jacobson, trabalham em silêncio sob o nome de Rekkof. Eles querem trazer uma versão moderna do Fokker F100 ao mercado. Esse ano foi assinado com o governo do estado de Goiás, no Brasil, um contrato de instalação de uma fábrica na cidade de Anápolis. A planta começa a ser construída em agosto desse ano e deve iniciar a produção até julho de 2014. Se a fábrica realmente construída, a Fokker voltará a existir. Mas, como a 100 anos atrás, fora da Holanda.

  • Radio Nederland

03-08-2011

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