terça-feira, 1 de maio de 2018

CBA-123 Vector

by: A. Bernardes

O CBA-123 ou melhor o Vector, é um turboélice avançado para 19 passageiros, fruto de um programa de desenvolvimento entre a Embraer do Brasil e a antiga FMA da Argentina que passou a chamar-se FAMA. Em sua época, foi considerado um dos melhores e mais promissores aviões regionais do mundo, mas o problema foi ter chegado na hora errada, de modo errado e com um sócio sem nenhum conhecimento no desenvolvimento de aeronaves pressurizadas, ou seja, a receita perfeita para que nada desse certo.  Nesta época no mundo, gigantes como a McDonell Douglas, investiam pesadamente no desenvolvimento de novas aeronaves propulsadas com Prop fans , turbinas que acionavam hélices multipás que prometiam um desempenho muito semelhante aos jatos puros, com uma economia significativa de combustível. O Vector foi anunciado em 1986 na Inglaterra e utilizava a fuselagem larga do EMB-120 Brasília porém encurtada, cauda em T, teria um alcance de 1.185 km, propulsado por 2 Garret TPF351-20 com 2081 sHP cada, instalados na cauda na configuração pusher e cujo preço de venda seria na casa de US$ 4 milhões, preço este que quase dobraria. Apesar dos estudos apontarem para uma velocidade próxima dos 650 km/h, e uma projeção de absorver 20% do mercado, o Vector apareceu no mercado justamente no momento em que as empresas aéreas estavam mais interessadas em aeronaves com capacidade entre 30/40 passageiros.  Incapaz de arcar sozinha com o desenvolvimento do projeto, a Embraer começou conversações com a Short Brothers, que depois foi absorvida pela British Aeroespace, da Inglaterra, mas tais conversações não avançaram. A saída foi buscar parcerias entre fabricantes Sul Americanos, foi quando surgiu a Cooperação Brasil-Argentina (CBA) acordo celebrado entre os 2 países com a compra de aviões Aero Boero, argentinos, pelo Brasil e a venda de aviões Tucano para a Força Aérea Argentina.  O problema era que a FAMA sequer tinha experiência em produção em série, muito menos experiência na fabricação de aeronaves pressurizadas, o seu projeto mais avançado era o FMA Guaraní II, um bimotor turboélice que utilizava motores Dart Rolls-Royce, não pressurizado e cuja produção que fora planejada em mais de 100 aeronaves, na realidade transformou-se em apenas 34 unidades fabricadas manualmente durante os seus 10 anos de fabricação, o que dava uma média de 3 aeronaves por ano.

O primeiro voo do Vector ocorreu em 18 de julho de 1990 em São José dos Campos e apesar do modelo ultrapassar todas as expectativas do fabricante, foi o voo de um pássaro  moribundo. Seu projeto era tão bom e inovador, que a fabricante russa Ilyushin "inspirou-se" no modelo da Embraer e anunciou que fabricaria o Ilyushin-X que era literalmente uma cópia do projeto brasileiro à moda russa, mas este nunca passou das maquetes e se o CBA-123 Vector deixou alguma coisa positiva, foi que após o seu fracasso, a Embraer foi privatizada e a FAMA transformou-se em Lockheed-Martin Argentina, que diga-se de passagem, 25 anos depois voltou para as mãos do governo argentino, quando passou a se chamar FA de A, sem produzir um único avião, apenas montando em forma de kits o Pampa, que havia sido desenvolvido juntamente com a Dornier alemã e que sequer chegou a 50 unidades. O Vector foi um  verdadeiro puro sangue natimorto, o avião certo, na hora errada, com o sócio errado e do jeito errado, pois a Embraer aprendeu do jeito mais difícil, que os acordos devem ser celebrados com parceiros de riscos de mesmo know-how e não apenas entre governos. Hoje, os únicos dois protótipos fabricados pela Embraer encontram-se preservados em museus no Brasil, depois de passarem anos ao relento e finalmente serem totalmente restaurados.  fotos - Internet

 

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